O que você vai ver neste post:

• Design Thinking
• Proposta de plano de aulas utilizando o Design Thinking: O vício em celular
• Avaliação
• Conclusão

Design Thinking

O Design Thinking é uma metodologia que tem como principal objetivo solucionar um problema de forma colaborativa. Ela é centrada em pessoas, ou seja, leva em consideração as experiências e os conhecimentos já adquiridos pelos alunos.

Toda a metodologia está apoiada sobre três premissas:

1. Empatia: Capacidade de olhar o mundo pelos olhos do outro, em outras palavras, para que o Design Thinking funcione se faz necessário entender as necessidades do próximo.
2. Cocriação: Realização de um objetivo de forma colaborativa, ou seja, quanto mais diversificado for o grupo, mais chance se tem de contemplar outras visões de mundo, vivências e conhecimento e com isso maior a chance do projeto desenvolvido ser assertivo em sua proposta de solução.
3. Experimentação: O projeto não estará finalizado sem passar por testes. Isso quer dizer que a ideia precisa ter sido transformada em um protótipo, e que como tal deve ser colocado em uso por outras pessoas que não o desenvolveram. Estes usuários fornecem seus pareceres sobre o protótipo, que deve ser melhorado e só assim finalizado.

Para se aplicar o Design Thinking em suas aulas você precisará desenvolvê-lo em 5 passos:

• Passo 1, a Descoberta: Proponha um problema aberto aos alunos. é neste passo que os primeiros contatos com a situação problema acontece através de pesquisas e entrevistas. Ao terem contato com problemas reais, os alunos poderão desenvolver a aprendizagem significativa e o crescimento pessoal.
• Passo 2, a Interpretação: Após apresentado o problema a ser trabalhado, seus alunos podem iniciar suas atividades de pesquisa para compreender melhor como trabalhar até a solução
• Passo 3, a Ideação: Momento de se planejar para desenvolver, incluindo o desenvolvimento de questionário para a realização de entrevista. É importante orientar os alunos de modo a focar no problema e evitar que se dispersem.
• Passo 4, a Experimentação: Realizar o planejamento e testar o protótipo desenvolvido.
• Passo 5, a Evolução: Receber pareceres sobre o funcionamento do protótipo e realizar melhorias.

A autonomia e a criatividade dos alunos são pontos que serão muito trabalhados nesta metodologia. Evite dar respostas prontas, uma alternativa seria sempre perguntar o que acham e como funcionaria o protótipo.

Proposta de plano de aulas utilizando o Design Thinking: O vício em celular

Justificativa: O design thinking é uma metodologia de execução rápida que tem como objetivo o desenvolvimento de um produto, digital ou físico.

Objetivos: O objetivo é que os alunos consigam utilizar de diversas áreas de conhecimento, ou seja, é por essência um projeto integrado a outras áreas de conhecimento, trabalharem sobre esses conceitos a ponto de conseguirem desenvolver uma solução realizável a curto prazo. Em Física, a abordagem deve ser utilizando o celular como fonte emissora de onda eletromagnética, pode ser prejudicial à saúde, levando em consideração o efeito desta radiação sobre o corpo.

Tempo: 8 aulas, porém pode ser alterado.

Competências e habilidades trabalhadas

• 1 – Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
• 2 – Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
• 5 – Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
• 6 – Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
• 7 – Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
• 8 – Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
• 9 – Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
• 10 – Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
  Competências específicas e Habilidades trabalhadas

Competência específica 1: Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.

• EM13CNT103: Utilizar o conhecimento sobre as radiações e suas origens para avaliar as potencialidades e os riscos de sua aplicação em equipamentos de uso cotidiano, na saúde, no ambiente, na indústria, na agricultura e na geração de energia elétrica.
• Competência específica 3: Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).
• EM13CNT301: Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experimentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva científica.
• EM13CNT303: Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações.
• EM13CNT306: Avaliar os riscos envolvidos em atividades cotidianas, aplicando conhecimentos das Ciências da Natureza, para justificar o uso de equipamentos e recursos, bem como comportamentos de segurança, visando à integridade física, individual e coletiva, e socioambiental, podendo fazer uso de dispositivos e aplicativos digitais que viabilizem a estruturação de simulações de tais riscos.
• EM13CNT308: Investigar e analisar o funcionamento de equipamentos elétricos e/ou eletrônicos e sistemas de automação para compreender as tecnologias contemporâneas e avaliar seus impactos sociais, culturais e ambientais.

Desenvolvimento de aula

Aula 01 – Passo 01, a Descoberta

Primeiros contato com o problema: Você apresenta aos alunos o tema central da proposta, neste exemplo: o vício em celular. Para servir de motivação, apresente um texto para reflexão, como por exemplo este da BBC: https://www.bbc.com/portuguese/geral-42384744 EM13CNT303 .

Apresente e atribua as funções para cada membro da equipe: Cada alunos precisa desempenhar bem uma função a fim de que todo o grupo se beneficie. Uma vez que todo o processo de Design Thinking é curto, a organização é essencial para sua execução.

Aqui vão algumas sugestões de funções, porém é importante dizer que você poderá adaptá-las ao seu contexto de sala de aula:

• Comunicação – representa a área de comunicação do grupo, toda comunicação recebida ou transmitida é de responsabilidade desta função. Trabalha integrado a Propaganda e Marketing – Ferramentas digitais utilizadas: Editores de texto e de Layouts, editores de site, como Google Sites, WordPress ou Wix. Gerenciamento – representa a área de administração do grupo, toda a organização e planejamento são de responsabilidade do gerenciamento. Sugestões de ferramentas digitais que podem ser utilizadas: Agenda e editores de texto. O Gráfico de Gantts é uma ferramenta incrível para auxiliar no planejamento das tarefas.
• Tecnologia – representa a área de pesquisa e desenvolvimento do grupo, toda a parte de análise de dados e desenvolvimento do protótipo é de responsabilidade dessa função. Ferramentas digitais que podem ser utilizadas: Simuladores de eletrônica, como o TinkerCad Circuits ou TinkerCad para montagem das peças em 3D.
• Propaganda e Marketing – representa a área de divulgação externa do grupo, todo o desenvolvimento da comunicação para divulgação, incluindo registro dos processos no diário de bordo, é de responsabilidade desta função. Trabalha integrado a Comunicação. Ferramentas digitais que podem ser úteis para esta função: Editores de texto e de Layouts, Agenda para postagens, editores de site, como Google Sites, WordPress ou Wix.
• Produção – representa a área que fornece suporte para que todas as outras áreas possam funcionar perfeitamente. Conhece bem e está integrado com todas as áreas do projeto. Para esta função é importante deixar claro que precisa estar com acesso a todos os documentos criados pela equipe, com o intuito de conseguir auxiliar todas as áreas da melhor maneira possível, bem como ter uma visão mais ampla de todo o projeto.

Levantamento de dados pela internet: A partir do que foi apresentado, os alunos, já em seus grupos, iniciam suas pesquisas. Os alunos precisam ser orientados a pesquisarem os consequências do uso excessivo do celular, do ponto de vista Físico, levando em consideração que este dispositivo é um emissor / receptor de ondas eletromagnéticas.

Criação de um diário de bordo para registro de todos os passos: O diário de bordo é essencial para se registrar cada tomada de decisão feita. Nele você poderá acompanhar o progresso do grupo. Você pode sugerir para que os grupos façam um único documento online compartilhado com seus integrantes e você.

Aula 02 – Passo 02, a Interpretação – Parte I

Reunião do grupo para troca das informações coletadas: Retomada do encontro anterior e aquecimento.
Desenvolvimento de perguntas para a entrevista com usuários: A equipe deve iniciar o desenvolvimento do questionário. Aproveite para andar pela sala, conversar e entender a proposta de cada grupo, talvez uma orientação ou provocação seja muito bem vinda nesse momento. Pode-se utilizar o Google Forms como ferramenta de coleta de respostas.
Primeiras hipóteses / Possíveis soluções: Caso haja tempo hábil, você pode estimular seus grupos a pensar sobre alguns possíveis resultados para serem comparados com os dados coletados futuramente.

Aula 03 – Passo 02, a Interpretação – Parte II

Realização das entrevistas: Os grupos devem ter bem definido quem serão os entrevistados, bem como ter agendado um momento para a realização do questionário. Todos os resultados devem ser anotados e planilhados mais tarde. Uma sugestão para agilizar este último trecho é você sugerir o uso de formulários virtuais, inclusive aumentando o alcance da pesquisa. É possível utilizar as próprias planilhas de dados coletados para realizar uma análise mais quantitativa.

Aula 04 – Passo 03, a Ideação

Reunião do grupo para análise das respostas obtidas nas entrevistas: Aqui começa o trabalho de análise de dados para servir de base para o desenvolvimento das soluções. Enfatize que a solução precisa ser finalizada, ou seja, suas principais funções precisam estar em funcionamento para ser testada.
Chuvas de ideias ou Brainstorming sobre as principais hipóteses e as possíveis soluções: Com os dados analisados, cada grupo anota as principais ideias, até 3 sugestões, para serem votadas por todos.
Votação: Cada grupo toma uma parte da lousa para anotar sucintamente suas sugestões e a votação ocorre com a participação de todos. Para agilizar, basta que cada aluno coloque um ponto ao lado da ideia mais interessante. Ao final somam-se os pontos de cada ideia e a mais votada é a ideia a ser desenvolvida.

Aula 05 – Passo 04, a Experimentação – Parte I

Análise dos resultados da votação: Com o resultado da votação em mãos, os grupos iniciam o planejamento sobre o desenvolvimento da solução.
Criação do projeto: O projeto precisa contemplar o protótipo e suas funções, bem como o passo a passo para a sua realização.

Aula 06 – Passo 04, a Experimentação – Parte II

Desenvolvimento da solução: Mão na massa, os grupos desenvolvem suas soluções. Converse com cada grupo para entender suas propostas. Lembre-se que a sua função neste momento não é dar a resposta pronto, mas orientá-los para conseguirem desenvolver suas próprias respostas. Um novo formulário pode ser desenvolvido para a próxima etapa, para receber sugestões dos usuários.

Aula 07 – Passo 05, a Evolução – Parte I

Apresentação do protótipo: Apresentação do protótipo para os outros alunos.
Teste pelos usuários: Os alunos de outros grupos testam o protótipo e o grupo responsável faz o registro sobre seu funcionamento.
Recebimento dos sugestões de melhorias: o grupo registra as sugestões de melhoria. Converse com todos para enfatizar que esta parte do processo é importante para deixar suas propostas mais bem desenvolvidas, evitando deixá-los desanimados, caso não funcione. Lembre-se de utilizar um formulário digital para facilitar a coleta de dados.

Aula 08 – Passo 05, a Evolução – Parte II

Adequação do protótipo: Finalização das adequações.
Finalização do processo: Ao final, sente com todos, repasse todo o processo e mostre o quanto evoluíram. Discuta possíveis aplicações do projeto na comunidade e caso seja possível pensem em como viabilizá-la.

Avaliação

Como o Design Thinking conta com 5 passos e muitas atividades, os alunos podem estar sendo avaliados em cada uma das partes do processo, como por exemplo:

• Organização da equipe;
• Preenchimento do diário de bordo;
• Criatividade na proposta escolhida;
• Viabilidade do projeto;
• Impacto social da proposta;
• Qualidade dos dados coletados;
• Qualidade no desenvolvimento das perguntas da entrevista;
• Tratamento estatístico dos dados coletados;
• Conceitos físicos abordados;
• Entre outros.

Conclusão

Como o Design Thinking é uma proposta metodológica centrada no ser humano, utilizaremos toda a vivência que cada aluno já possui para criar uma solução que contemple mais pessoas, ou seja, é mais abrangente. A capacidade de pensar o novo e de solucionar problemas dos nossos alunos é fantástica e precisa ser utilizada como ferramenta para torná-los cidadãos mais conscientes e ativos na vida adulta.

Como referenciar este post: Projeto Interdisciplinar com Design Thinking: O vício em celular. Rodrigo R. Terra. Publicado em: 9/2/2021. Link da postagem: (http://www.makerzine.com.br/educacao/projeto-interdisciplinar-com-design-thinking-o-vicio-em-celular/).