Como referenciar este texto: ‘IA Generativa na Educação: Dicas Práticas para Estudantes e Educadores’. Rodrigo Terra. Publicado em: 11/04/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/ia-generativa-na-educacao-dicas-praticas-para-estudantes-e-educadores/.
Conteúdos que você verá nesta postagem
Nos últimos tempos, a inteligência artificial tem ganhado espaço em diferentes áreas — e a educação básica não fica de fora dessa revolução. Ferramentas como o ChatGPT, o DALL·E e outras IAs generativas estão se tornando cada vez mais simples de usar e acessíveis, mesmo para quem não tem familiaridade com tecnologia. E o melhor: elas podem ser grandes aliadas no dia a dia da sala de aula.
É importante deixar claro que a IA não vem para substituir o trabalho do professor. Muito pelo contrário — ela pode ajudar a economizar tempo, trazer novas ideias e tornar as aulas ainda mais criativas e personalizadas. Em vez de competir com o educador, essas ferramentas entram como parceiras que ampliam possibilidades.
Pense, por exemplo, em um aluno que precisa revisar um texto antes de entregar. Com a ajuda do ChatGPT, ele pode identificar erros, melhorar a escrita e entender como construir um argumento. Ou imagine uma professora de história que usa o DALL·E para gerar imagens coloridas e envolventes de uma civilização antiga, tornando o conteúdo mais atrativo para os alunos. São situações simples, mas que mostram como a IA pode fazer parte da rotina escolar de forma leve e útil.
IA para Estudantes: Aprender com mais autonomia e criatividade
Envolver os alunos na construção do próprio conhecimento é uma das chaves para uma aprendizagem significativa. E é justamente aí que as ferramentas de inteligência artificial podem fazer a diferença — não como uma muleta, mas como um apoio para que cada estudante avance no seu ritmo, explore suas curiosidades e desenvolva habilidades diversas.
Explorar conteúdos com o ChatGPT
Um dos usos mais simples (e poderosos) do ChatGPT é como ferramenta de estudo assistido. O aluno pode fazer perguntas em linguagem natural, como:
“Me explique o que foi a Revolta da Vacina, como se eu tivesse 10 anos.”
“Quais são as principais características dos animais vertebrados?”
“Como fazer uma boa introdução para um texto de opinião?”
A IA responde com explicações claras e pode adaptar a resposta ao nível de compreensão do aluno. Professores podem orientar o uso da ferramenta como parte de atividades de pesquisa, leitura e produção textual, promovendo o pensamento crítico — inclusive discutindo os limites e possíveis erros da IA.
Criar e revisar textos com apoio da IA
Em atividades de escrita, o ChatGPT pode ser usado para:
Sugerir sinônimos e melhorias gramaticais em um parágrafo;
Reescrever frases mantendo o sentido, mas variando o estilo;
Gerar exemplos de redações (para analisar em sala com a turma);
Simular entrevistas, diálogos ou cartas para práticas de gêneros textuais.
Um professor pode propor uma tarefa como: “Escreva um pequeno conto e, depois, use o ChatGPT para revisar sua pontuação e melhorar a clareza.” Essa prática desenvolve a habilidade de reescrever e de refletir sobre o próprio texto, além de promover a autonomia.
Ilustrar ideias com o DALL·E
Já o DALL·E, que gera imagens a partir de descrições textuais, é uma excelente porta de entrada para o trabalho com imaginação, arte e linguagem visual. Veja algumas possibilidades:
Interpretação de texto: os alunos leem uma fábula e depois descrevem uma cena para que o DALL·E a ilustre.
Ciências e geografia: criar imagens de ecossistemas, formações geológicas ou experimentos.
História: gerar representações de cenários históricos, como “uma feira medieval” ou “um quilombo no Brasil colonial”.
Educação artística: trabalhar estilos visuais diferentes a partir de comandos como “pinte uma casa no estilo de Van Gogh”.
Essas imagens podem ser usadas em cartazes, slides, quadrinhos, apresentações ou como ponto de partida para debates e produções escritas.
Aplicações inclusivas e diferenciadas
A IA também pode ser usada para adaptar conteúdos para alunos com necessidades específicas. Por exemplo:
Transformar um texto em uma versão simplificada, com frases mais curtas e vocabulário acessível.
Gerar explicações com apoio visual para alunos com dislexia ou dificuldades de leitura.
Criar roteiros de estudo personalizados, com base no que o aluno já sabe e no que precisa reforçar.
Dica prática para professores:
Crie um mural na sala com sugestões de prompts que os alunos podem usar com o ChatGPT ou o DALL·E. Exemplo:
“Descreva a cena de um livro que você leu para gerar uma imagem.”
“Faça uma pergunta sobre o conteúdo da aula de hoje.”
“Explique este conceito para alguém que nunca ouviu falar sobre ele.”
IA para Educadores: Planejar, inovar e personalizar o ensino
Com a rotina corrida da sala de aula, muitos professores gostariam de ter mais tempo para planejar aulas criativas, adaptar conteúdos ou preparar atividades diferenciadas. A boa notícia é que a inteligência artificial pode ajudar justamente nisso: economizando tempo em tarefas operacionais e inspirando novas ideias pedagógicas.
Planejamento e ideias de atividades com ChatGPT
O ChatGPT pode ser um ótimo ponto de partida para o planejamento de aulas. A partir de um simples comando, ele é capaz de sugerir:
Roteiros de aula por tema, série ou componente curricular.
Sequências didáticas baseadas na BNCC.
Atividades lúdicas adaptadas à faixa etária.
Textos introdutórios sobre um novo conteúdo.
Exemplos de prompts:
“Crie um plano de aula de ciências para o 5º ano sobre o ciclo da água, com uma experiência simples.”
“Sugira três atividades para trabalhar frações com alunos do 6º ano de forma prática.”
“Como posso abordar a Semana da Consciência Negra com alunos do ensino fundamental 1?”
O professor pode ajustar as ideias sugeridas conforme o contexto da turma — mas já ganha um ponto de partida que poupa tempo e estimula a criatividade.
Criação de recursos visuais com DALL·E
Nem sempre é fácil encontrar imagens que representem bem os temas abordados em sala. Com o DALL·E, o professor pode gerar ilustrações originais para:
Cartazes e murais temáticos.
Slides e materiais impressos.
Sequências de imagens para contar histórias.
Representações de personagens históricos, ambientes naturais ou contextos sociais.
Exemplo de uso: ao trabalhar a biodiversidade brasileira, a professora pode pedir ao DALL·E: “Crie uma imagem de uma floresta amazônica com animais típicos, no estilo de um desenho infantil.”
Essas imagens também podem ser disponibilizadas para os alunos como estímulo à produção escrita ou interpretação oral.
Acompanhamento individualizado e personalização
Com a ajuda da IA, o professor pode criar diferentes versões de uma mesma atividade, respeitando o ritmo e o nível de cada aluno. Por exemplo:
Uma versão simplificada de um texto para alunos com dificuldade de leitura.
Um conjunto de perguntas desafiadoras para alunos que precisam de mais estímulos.
Um roteiro de estudo adaptado para alunos com transtornos de aprendizagem.
Além disso, é possível usar a IA para gerar feedbacks iniciais em produções textuais, identificar padrões de erro recorrentes ou propor estratégias de reescrita — sempre com o olhar atento do professor para mediar esse processo.
Dica prática para professores:
Use o ChatGPT como “colega de planejamento”. Ao preparar uma aula, pergunte:
“Como posso tornar esse conteúdo mais interessante para meus alunos?”
“Quais conexões posso fazer com o cotidiano?”
“Sugira uma forma de trabalhar esse tema de maneira interdisciplinar.”
Dicas éticas e pedagógicas
O uso da inteligência artificial na educação traz muitas possibilidades, mas também exige cuidado. Mais do que ensinar a “usar a ferramenta”, é importante ensinar os alunos a usar com consciência, responsabilidade e senso crítico.
A IA não sabe tudo — e pode errar
É essencial deixar claro para os alunos (e lembrar a nós mesmos) que a IA não é infalível. Ela pode apresentar informações desatualizadas, imprecisas ou até inventadas. Por isso, sempre que possível:
Incentive os alunos a conferirem em outras fontes;
Estimule a verificação de dados e a comparação com livros, sites confiáveis e o próprio material escolar;
Use erros da IA como oportunidade pedagógica para discutir senso crítico e checagem de informação.
IA como apoio, não como atalho
A IA pode ajudar o aluno a escrever melhor, mas não deve fazer o trabalho por ele. O foco deve estar em usar a ferramenta para:
Obter ideias, revisar, organizar pensamentos;
Aprender a reescrever, refletir e aprimorar;
Desenvolver autonomia — e não dependência.
Isso vale também para avaliações e produções em sala: o uso da IA pode ser combinado com momentos de escrita à mão, trabalhos em grupo e atividades práticas, garantindo que o aluno realmente se aproprie do conteúdo.
Transparência e diálogo em sala
Converse com os alunos sobre o que é inteligência artificial, como ela funciona e por que ela está sendo usada em sala. Esse diálogo:
Ajuda a quebrar o encantamento cego com a tecnologia;
Fortalece a confiança e a parceria com o professor;
Estimula a formação ética e digital dos estudantes desde cedo.
Você também pode propor debates sobre dilemas éticos envolvendo IA (como o uso em redes sociais ou no mundo do trabalho), conectando o tema com as áreas de ciências humanas e formação cidadã.
Exemplo vem do educador
Ao usar IA no próprio planejamento, o professor também dá exemplo de uso responsável e criativo da tecnologia. Compartilhar isso com os alunos pode abrir conversas valiosas:
“Sabem quem me ajudou a pensar essa aula de hoje? Uma inteligência artificial.”
“Vamos testar juntos uma imagem que a IA criou sobre o tema que estamos estudando?”
Dica prática para professores:
Crie com a turma uma “cartilha do uso ético da IA”, com regras combinadas coletivamente: quando pode usar, para quê, o que é permitido ou não. Isso fortalece o protagonismo dos alunos e promove uma cultura digital consciente.
E você, como usa ou poderia usar a IA em suas aulas?
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