O que você vai ver neste post:
- Quem foi Ausubel
- Aprendizagem Significativa
- Condições para a Aprendizagem Significativa
- Referências Bibliográficas
Quem foi Ausubel
David Paul Ausubel nasceu no dia 25 de outubro de 1918, em Nova Iorque (EUA). Cresceu revoltado com a educação recebida, bem como com os castigos utilizados pela escola da época. Segundo o próprio Ausubel:
“Escandalizou-se com um palavrão que eu, patife de seis anos, empreguei certo dia. Com sabão de lixívia lavou-me a boca. Submeti-me. Fiquei de pé num canto o dia inteiro, para servir de escarmento a uma classe de cinquenta meninos assustados (…)”.
Para ele, “A escola é um cárcere para meninos. O crime de todos é a pouca idade e por isso os carcereiros lhes dão castigos.“
Formado em Medicina Psiquiátrica e Doutor em Psicologia do Desenvolvimento, se dedicou à Psicologia Educacional com o intuito de desenvolver melhorias na educação, tornando-se então um defensor e representante do Cognitivismo.
Aprendizagem significativa
Sua teoria da Aprendizagem Significativa foi proposta em 1963, no seu livro: “The Psychology of Meaningful Verbal Learning“.
A linha de pensamento aqui proposta não era o meio que influenciava o indivíduo (behaviorismo), mas o oposto. Segundo Marco Antonio Moreira [1],
“A aprendizagem é dita significativa quando uma nova informação (conceito, ideia, proposição) adquire significados para o aprendiz através de uma espécie de ancoragem em aspectos relevantes da estrutura cognitiva preexistente do indivíduo, isto é, em conceitos, ideias, proposições já existentes em sua estrutura de conhecimentos (ou de significados) com determinado grau de clareza, estabilidade e diferenciação.“
A ideia é aprofundar no que já se conhece, reconfigurar, ressignificar.
“Na aprendizagem significativa há uma interação entre o novo conhecimento e o já existente, na qual ambos se modificam. À medida que o conhecimento prévio serve de base para a atribuição de significados à nova informação, ele também se modifica, ou seja, os subsunçores* vão adquirindo novos significados, se tornando mais diferenciados, mais estáveis.“
*Subsunçor = Conceito Relevante
Para complementar, Moreira ainda reafirma sua ideia:
“Nesse processo, os novos conhecimentos adquirem significado para o sujeito e os conhecimentos prévios adquirem novos significados ou maior estabilidade cognitiva.” [3]
Ausubel é original ao propor que o sucesso da aprendizagem significativa tenha o foco na relação [4]:
- Relação do homem com o mundo que o cerca;
- Relação de quem ensina com aquele que aprende;
- Relação do compreender de quem ensina com o compreender de quem aprende;
- Relação do conteúdo a ser ensinado com o que aquele que aprende já conhece;
- Relação do que se propõe Ensinar com as condições de quem vai Aprender – seus interesses, nível de elaboração, representações e conceitos disponíveis nessa programação de ensino.
Tudo se relaciona neste contexto de ensino-aprendizagem. Com isso, fica evidente que devemos, como Professores, levar em consideração que nossos alunos estão desenvolvendo seus Modelos Mentais para tentar compreender a forma com que eles constroem o seu conhecimento. Aqui o aluno passa a ser o centro do processo de ensino-aprendizagem, logo é impossível não se lembrar das palavras Paulo Freire:
“É preciso, sobretudo, e aí já vai um destes saberes indispensáveis, que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.“[5]
Condições para a Aprendizagem Significativa
Para Ausubel existem duas condições para que a aprendizagem seja realmente significativa:
- Conteúdo potencialmente significativo: O material utilizado nunca poderá ser significativo, apenas potencialmente significativo, pois é o aluno quem atribui significado aos conceitos trabalhados. O aluno precisa ser levado a pensar, ter liberdade para questionar, ter espaço para se expressar juntamente com o professor e também em público.
- Predisposição do aluno: O aprendiz deve manifestar uma disposição para relacionar de maneira substantiva e não arbitrária o novo material, potencialmente significativo, à sua estrutura cognitiva.
Para a condição de número 1, podemos pensar em atividades que se utilizem de problemas reais, em que os alunos participam tanto da escolha do tema, quanto do desenvolvimento das soluções, ou seja, as metodologias ativas podem e devem ser utilizadas aqui!
Ponto importante: NUNCA disse que o giz e a lousa devem ser abandonados, eles são eficientes! PORÉÉÉÉMMMM, devem ser utilizados em conjunto com novas metodologias. Pense nisso!
E ai, tanto faz o material que você estiver utilizando, quando os nossos alunos estão curiosos, nada consegue pará-los. Quando desanimarem, você está lá para orientá-los e dar um novo ânimo para continuarem!
Acredito que somente com estas duas condições podemos iniciar uma verificação de alguns pontos que consideramos importantes em nosso trabalho.
Devemos, URGENTEMENTE, repensar por exemplo, o ambiente em que colocamos nossos alunos para estudar diariamente.
- A escola é um ambiente acolhedor?
- A escola é aberta para a comunidade?
- A comunidade ocupa (significativamente) o espaço escolar?
- Se o ambiente escolar pertencesse à comunidade, será que ela precisaria de grades nas janelas?
Quanto mais a comunidade participar do ambiente escolar, mais sensação de pertencimento será desenvolvida em cada um dos alunos. Será que esse não seria um bom início para já conquistar a condição de número 2? Evidentemente que esta não é a única ação a ser tomada, mas já é um bom começo.
Se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitrária e literalmente, então a aprendizagem será mecânica. Será que não é o que os forçamos a fazer quando damos avaliações “decorebas” e não contextualizadas?
“A intervenção educativa precisa, portanto, de uma mudança de ótica substancial, na qual não somente abranja o saber, mas também o saber fazer, não tanto o aprender, como o aprender a aprender.Para isso, é necessário que os rumos da ação educativa incorporem em sua trajetória um conjunto de legalidades processuais.” [6]
Para resumir toda a ideia:
“Se tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um só princípio, diria o seguinte: o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Descubra isso e ensine-o de acordo.“
Ausubel, 1978
Referências Bibliográficas:
[1] Ausubel, D.P., Novak, J.D. and Hanesian, H. (1978). Educational psychology. New York: Holt, Rinehart and Winston. Publicado em português pela Editora Interamericana, Rio de Janeiro, 1980. Em espanhol por Editorial Trillas, México, 1981. Reimpresso em inglês por Werbel & Peck, New York, 1986.
[2] Moreira, M.A. – Mapas conceituais e aprendizagem significativa – Instituto de Física – UFRGS – Clique aqui para ler o artigo.
[3] Moreira, M.A. O que é afinal aprendizagem significativa? – Instituto de Física – UFRGS – Clique aqui para ler o artigo.
[4] Masini, E.F.S. – Aprendizagem significativa: Condições para ocorrências e lacunas que levam a comprometimentos – Universidade Presbiteriana Mackenzie – Clique aqui para ler o artigo.
[5] Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
[6] Pelizzari, A., Kriegl, M.L., Baron, M. P., Finck, N.T.L., Dorocinski, S.I.- “Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel” – Rev. PEC, Curitiba, v.2, n.1, p.37-42, jul. 2001-jul. 2002 – Clique aqui para ler o artigo.
Como referenciar este post: Teoria da Aprendizagem Significativa (Ausubel). Rodrigo R. Terra. Publicado em: 25/5/2020. Link da postagem: (http://www.makerzine.com.br/educacao/teoria-da-aprendizagem-significativa-ausubel/).
Gostei bastante da matéria. Gostaria de assinar o seu canal, mas não encontrei nenhuma aba para isso. Grata
Olá, Raiana. Tudo bem?
Primeiramente, fico muito agradecido pela sua mensagem.
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